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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Ainda hoje doi quando penso o que passámos, e leio histórias que infelizmente não correram tão bem e fico triste, mas agradeço tanto ao meu patareco o forte que ele foi, o lutador que ele é!
Agradeço te muito filho por teres decidido lutar.

Já foi há dois anos que uma malfadada bronquiolite ia levando o meu filho com 1 mês. Ainda nem tinhamos tido tempo de nos habituar à presença dele, e um virus "VSR" levou-lhe as forças... A todos da Uciep do Amadora Sintra agradeço o carinho e a dedicação, sem eles não teria o meu filho comigo, ao Dr. Pedro que tomou a decisão de o ligar ao ventilador e andou pelos corredores a explicar e a acalmar o meu coração "obrigada", o meu menino estava cansado e o seu coração não iria aguentar mais aquele cansaço.
A decisão de o ventilar depois de um dia em que tinha apresentado melhoras foi a melhor que a equipa tomou, mas para mim, para uma mãe que não falava a mesma lingua e que estava sozinha, foi um golpe tão desesperante que perdi as forças....e chorei, chorei muito agarrada a 4kgs de gente. Pedi-lhe que não me deixasse, que fosse forte, que tinhamos uma vida pela frente juntos...

Depois disso, foram dias muito longos, que demoravam a passar, sem ver melhoras... dia após dia....
Li 4 livros numa semana, não conseguia dormir, não conseguia ficar a olhar para o meu patareco...
Desesperava quando um médico se aproximava dele e o tentava tirar do ventilador... e ele não reagia.
E eu via os olhos dos médicos, a esperança nos olhos deles ia-se perdendo como a minha...

Tinham me dado, os medicos, como exemplo, um outro recem-nascido, que teve ligado ao ventilador 1 dia e meio, e foi essa a minha meta, um dia e meio...que passou e eu na minha ignorância perguntei se não desligavam a máquina, afinal já tinha passado o dia. Os médicos disseram que não, ele ainda não estava preparado para respirar sozinho, ele ainda precisava mais tempo, precisava de descansar mais.

Quando começavam as manhãs, eu saia cedinho e ia ajudar o Henrique a despachar-se para a escola, ia deixá-lo e voltava para o hospital a tempo de começar a higiéne do Rodrigo.
Fez cinesoterapia, e no primeiro dia, a terapeuta pediu-me para sair, a ginástica respiratória é impressionante de se ver, ainda mais quando é aos nossos filhos.
Não consegui não estar lá, pedi que me ignorassem... e chorei... chorei muito, aquele minorca tão frágil e eu sem o conseguir proteger.
Depois de duas semanas eu já ajudava na ginástica.
No dia 31 de Dezembro, resolvi que tinha que sair dali, o meu filho mais velho estava sem a mãe há uma semana, de férias da escola, passei a tarde toda com ele. Essa tarde o pai ficou com o Rodrigo e o meu patareco quis ser forte para o pai e respirou sozinho a tarde toda.
Jantámos os dois com o Henrique e deixámo-lo na avó, rumámos à nossa segunda casa, para ficar com o Rodrigo. Passámos a meia noite no hospital, com os enfermeiros. Foram de uma gentileza que nunca poderei agradecer. Deram-nos as 12 passas da praxe, bebida e comida... Passámos a meia noite junto de desconhecidos que já nos conheciam tão bem, e nós a eles, uma enfermeira que teve a confirmação de gravidez, outra que já grávida veio mostrar a confirmação de que seria uma menina e que estava prometida como namorada do Rodrigo...
Só depois de uma semana o Rodrigo decidiu que afinal estava na hora, curiosamente, eu não estava, já vinha a apresentar melhorias, mas no domingo à tarde, na companhia do pai, o Rodrigo deixou o suporte que respirou por ele, ligaram-no ao CPAP sempre com o tubo caso ele não se aguentasse, voltariam  a pô-lo com ventilação.
O meu patareco perdeu 1 kg. Quando só se tem 4 é mesmo muito, ficou anémico, teve que repetir a eco-transfontanelar e o exame de audição.
Mas quando decidiu lutar, foi um tirinho, passou para os intermédios, onde continuava com o tubinhos nasais, mas a mãe com saudades de colinho, pediu ao enfermeiro Bruno se não tinha direito de pegar no seu filho ao colo depois de uma semana... ele que foi um querido e estava super ocupado, ajudou-me a fazer os vapores ao Rodrigo com ele ao colo, mas eu atrapahei-me com tanto fio, e os fios nasais cairam... Tentei chamar o enfermeiro mas ele não podia vir logo, resultado, o patareco aguentou-se tão bem sem oxigénio que já não lho voltaram a por...no dia seguinte passámos para pediatria para acabar o antibiótico... e o pesadelo acabou....
Fica o sofoco, a dor e o medo da perda. Hoje olho para ele e agradeço a sorte que tive, que tivémos.
Hoje ainda tenho o meu filho comigo!
Obrigada Rodrigo!